Rípio, botas e muita sujeira

Talvez o título consiga explicar um pouquinho as últimas notícias de nossos amigos viajantes. Ainda na época do planejamento, o Nelson havia me falado do tal de rípio, um tipo de "piso" que eles agora estão enfrentando. Segue uma descrição do que é o rípio:

O O rípio é composto de pedras roladas com diâmetro que variam de uma bola de ping-pong a uma bola de tênis. Essa mistura de pedras é espalhada pelo leito da estrada, formando uma camada de uns 10 a 30 cm de espessura que é alisada periodicamente com motoniveladoras. Esta forma de revestir as estradas é usada na Patagonia argentina e chilena desde o tempo dos índios Mapuches e resiste a passagem do tempo e as variações climáticas da região. Além disso impede que a vegetação desapareça com a estrada.

Bom, foi agora, encarando o rípio que segue o breve relato do Nelson:

"Rodamos mais de 300 km na pedra.... Resultado: meu pneu vazou por uma pancada. Gracas ao turra consegui pilotar a moto com pneu vazio por 2 km. Turrão com pedal ds marcha caindo( hoje foram só duas vezes). Estamos em Cohaique - Chile. J. Wilson chegou morto. Dá até dó...Hehe...Vamos ficar aqui amanhã e rever toda a estratégia de viagem..."

"A bota nova começou a desmanchar...Solução??? Silvertape nela...Pelo menos serviu como referência na estrada. Era só olhar pelo espelho que já sabíamos quem era....Hehehe...Obs: cara comprou pela net. - embalagem dizia: impermeável(não ficamos sabendo aonde) Turrão teve que usar o famoso saco de lixo nos pés). Imaginem a cena. Gastamos uma fortuna em equipamentos. Mas o bom e velho saco de lixo resolve...Rrsrs"

"Resultado de pilotar a noite. Com a luz da moto os bichinhos te acham...Hehehe"

"No jantar ontem: jw diz - Não sei como vc está aguentando. Ser garupa não é para qualquer um!"

E depois de tantos quilômetros rodados, segue mais um divertido relato de Luciano Turra:

"Vendo Suzuki V Strom 200.....hahaha brincadeira!!!
Ola amigos,
Os ultimos dois dias foram bastante diferentes mas mto intensos.
Dia 28 saimos de Neuquen com destino a La Junta, mas não conseguimos fazer o trecho todo. Todo mundo sabe que Deus é brasileiro, mas o primo Dele que cuida da parte dos ventos e argentino com certeza! Pegamos ventos fortissimos. Alias passamos numa cidade que a placa dizia: Pucun Leofu la ciudad de los vientos. Ja na saida estava um pouco mais frio, mas não colocamos nada mais quentinho. Conclusão, indo para Bariloche tivemos que botar roupa. A estrada mto boa e de retas mais uma vez gigantes. Frio e soln show. Pequenos detalhes começam a fazer diferença: minha moto não sei porque baixou oleo, fomos no posto e não tinha o oleo necessario. Ligamos para o sempre presente Moa em Ctba que disse para completar com outro oleo sintetico. Farei a troca em El Calafate. As bengalas da moto do J estavam vazando mais oleo. Andamos ate 20 hs e chegamos em Esquel onde dormimos e comemos e bem por sinal. Frio apertando.
Dia 29 saimos de Esquel e bom.....este dia vai ficar gravado na nossa vida. Mistura de emoçoes mto diferentes. Pegamos nosso primeiro trecho de ripio (estrada de chao com muuuuuitas pedras soltas). Trechos legais onde cheguei a colocar 120 km/h, mas na maior parte era 2a e 3a marcha. O deslocamento não rende nada, a tensao eh constante. Atravessamos a fronteira da argentina para o Chile e perdemos um bom tempo. A maior parte da estrada esta em obras e o sentimento eh de que andavamos meio a um canteiro de obras, mas so na parte das pedras. Chegamos em La Junta, abastecemos (ops, não tinhamos dinheiro - peso chileno - trocamos com uns caras dolares por dinheiro local). O Machado ja na saida pegou uma pedrona e entortou a roda. Pneus esvaziou na hora. Voltamos 2 km empurrando ate uma gomeria. Marreta na rodinha do Machado e vamo embora. Sofremos muito mais a paisagem era mto linda. Lagos e mais lagos, agua mto limpa e florestas que não acabam mais. Gelos nos topos das montanhas, tudo bonito. Mas a pilotagem mto prejudicada. Chegamos em Coiayque as 11 hs da noite, ou seja pilotamos 15 horas!!!!!
Ate mais.

Luciano M. Turra"